De acordo com Leonardo Manzan, o sistema de franquias é um dos modelos empresariais mais difundidos no Brasil, abrangendo redes de varejo, alimentação, educação e serviços. Entretanto, o crescimento rápido e a dispersão geográfica das unidades trazem desafios significativos de compliance fiscal. A padronização de procedimentos e o controle centralizado das obrigações tributárias são essenciais para garantir segurança jurídica e evitar autuações decorrentes de inconsistências entre franqueador e franqueados.
Estrutura fiscal e responsabilidades das partes na ótica de Leonardo Manzan
O contrato de franquia estabelece a relação entre franqueador e franqueado, mas não cria vínculo societário direto. Cada unidade é uma pessoa jurídica autônoma, responsável por seus tributos e obrigações acessórias. Leonardo Manzan destaca que essa autonomia fiscal não elimina a necessidade de coordenação: o franqueador deve orientar e fiscalizar o cumprimento das normas tributárias pelas franquias para preservar a integridade da rede.
A correta emissão de notas fiscais, o enquadramento no regime tributário adequado e a observância de alíquotas específicas de ICMS, ISS e contribuições federais são pontos críticos. O erro de um único franqueado pode gerar repercussões reputacionais e questionamentos sobre a conformidade de toda a rede.

Padronização de processos e governança tributária
Para reduzir riscos, Leonardo Manzan sugere a criação de manuais fiscais padronizados, que definam procedimentos uniformes para escrituração, apuração de tributos e envio de declarações eletrônicas. Esses documentos devem contemplar as particularidades de cada setor e estado, uma vez que a carga tributária brasileira varia conforme a localidade e o tipo de atividade.
O uso de sistemas integrados de gestão (ERP) é outro pilar fundamental. Ao centralizar informações fiscais, contábeis e financeiras, a franqueadora consegue monitorar o desempenho das unidades e identificar divergências em tempo real. A automação desses controles reduz significativamente erros manuais e facilita o cumprimento simultâneo das obrigações acessórias em nível nacional.
Fiscalização preventiva e treinamento contínuo
A adoção de programas de auditoria interna preventiva garante a detecção antecipada de irregularidades e o alinhamento às normas fiscais. A periodicidade dessas revisões deve acompanhar as mudanças na legislação e os lançamentos de novas versões dos sistemas de escrituração digital.
Ademais, o treinamento recorrente de equipes é indispensável. Franqueados e colaboradores precisam compreender as exigências legais aplicáveis ao negócio, especialmente quanto a retenções na fonte, substituição tributária e emissão de documentos fiscais eletrônicos. Leonardo Manzan enfatiza que o investimento em capacitação reduz riscos e fortalece a cultura de conformidade dentro da rede.
Integração tecnológica e controle de dados
A digitalização da contabilidade e a integração entre sistemas fiscais são fatores que elevam o nível de governança. O uso de ferramentas de Business Intelligence (BI) e Machine Learning permite identificar padrões de comportamento fiscal e prever inconsistências antes que gerem autuações. Leonardo Manzan aponta que a automatização dos cruzamentos entre notas fiscais, relatórios de vendas e obrigações acessórias contribui para uma visão mais precisa da operação e evita falhas humanas.
Da mesma forma, a centralização dos bancos de dados em plataformas seguras facilita auditorias e a recuperação de informações exigidas por órgãos fiscalizadores. Esse controle inteligente promove agilidade na tomada de decisões e aumenta a transparência da relação entre franqueador e franqueados.
Benefícios estratégicos do compliance integrado
A padronização fiscal proporciona ganhos expressivos de eficiência e previsibilidade. Com processos integrados e rastreáveis, as franquias conseguem responder rapidamente a fiscalizações, corrigir falhas e planejar o recolhimento de tributos com maior precisão. Além disso, a uniformidade de práticas facilita a expansão da marca, uma vez que os investidores percebem menor risco regulatório.
Segundo Leonardo Manzan, o compliance fiscal deve ser entendido como ferramenta de governança corporativa, e não apenas como obrigação legal. Redes que mantêm controles centralizados e documentados reforçam sua credibilidade perante autoridades fiscais, parceiros comerciais e instituições financeiras. Essa postura preventiva transforma a gestão tributária em diferencial competitivo, contribuindo para o crescimento sustentável do sistema de franquias no país e fortalecendo a imagem da marca em um mercado altamente regulado.
Autor: Vasily Egorov