O empresário Aldo Vendramin destaca que o planejamento urbano deve considerar, de forma prioritária, a crescente ocorrência de eventos climáticos extremos. Enchentes, secas prolongadas, ondas de calor e deslizamentos já não são exceções, mas parte da realidade de cidades em todo o mundo. Tornar os centros urbanos resilientes é uma necessidade urgente que exige integração entre infraestrutura, governança e participação social.
A importância do planejamento urbano adaptativo no caso de eventos climáticos extremos
A resiliência urbana está diretamente ligada à capacidade das cidades de antecipar, resistir e se recuperar de impactos climáticos. De acordo com Aldo Vendramin, isso começa pelo planejamento territorial, com mapeamento de áreas de risco, ocupação racional do solo e priorização de soluções baseadas na natureza, como parques lineares, reservatórios naturais e arborização estratégica.
Cidades que integram a variável climática em seus planos diretores estão mais preparadas para enfrentar eventos extremos. A adoção de ferramentas de georreferenciamento e sistemas de alerta precoce são exemplos de medidas que reduzem danos e salvam vidas.

Infraestrutura verde e drenagem inteligente
Uma das estratégias mais eficazes para lidar com enchentes e ilhas de calor é o uso da infraestrutura verde. Conforme aponta Aldo Vendramin, a criação de áreas permeáveis, jardins de chuva, telhados verdes e corredores ecológicos contribui para absorver a água das chuvas, reduzir a temperatura e aumentar a qualidade ambiental.
Essas soluções, além de sustentáveis, são economicamente viáveis e proporcionam múltiplos benefícios — como biodiversidade urbana, lazer e saúde pública. Quando integradas a sistemas de drenagem pluvial eficientes, ajudam a prevenir alagamentos e deslizamentos, especialmente em bairros mais vulneráveis.
Governança integrada e gestão de riscos
Planejar cidades resilientes requer articulação entre diferentes esferas de governo, setor privado, universidades e sociedade civil. Conforme indica Aldo Vendramin, a criação de comitês de gestão de risco climático e a inclusão de metas de adaptação nos planos municipais são passos fundamentais para coordenar ações preventivas e emergenciais.
Além disso, é essencial garantir acesso à informação e capacitação das comunidades locais. Moradores que compreendem os riscos e sabem como agir em situações de emergência são agentes importantes na construção da resiliência urbana.
Mobilidade, habitação e justiça climática
Cidades resilientes também são aquelas que garantem acesso seguro à moradia, mobilidade e infraestrutura básica para todos os seus habitantes. Frisa Aldo Vendramin que a desigualdade social agrava os impactos dos eventos climáticos, pois populações de baixa renda tendem a viver em áreas mais suscetíveis a desastres e com menos acesso a serviços públicos.
Investir em transporte coletivo de qualidade, habitação segura e requalificação de zonas de risco é uma forma de promover justiça climática e fortalecer a resposta coletiva aos desafios do clima. Isso inclui a realocação planejada de famílias em áreas de risco e o estímulo à construção com materiais sustentáveis e técnicas adaptadas.
Cidades preparadas para o futuro
A resiliência urbana não é um destino, mas um processo contínuo de adaptação, inovação e cooperação. Ao incorporar a variável climática ao planejamento e à gestão das cidades, é possível construir ambientes mais seguros, saudáveis e preparados para o futuro.
O exemplo de cidades que já adotam soluções baseadas na natureza, planejamento integrado e políticas de mitigação mostra que a transformação é possível. Com visão estratégica, investimento consistente e compromisso coletivo, o Brasil pode liderar uma nova geração de cidades que não apenas enfrentam os desafios climáticos, mas também se reinventam diante deles.
Autor: Vasily Egorov